Unconscious bias é tema de debate no CRCSP

Publicado em 20/3/2018

Imaginem uma pessoa responsável pela área tributária de uma das maiores consultorias mundiais e coordenando cerca de mil funcionários. Qual a primeira imagem que vem à sua cabeça? Se você pensou em um homem de terno e gravata, com aparência séria, você está refletindo um unconscious bias. Foi assim que diretora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP, Tania Casado, explicou o que é esse viés inconsciente, tema do evento realizado na sede do CRCSP, no dia 20 de março de 2018.

Além da Tania, o evento contou com a participação da presidente do CRCSP, Marcia Ruiz Alcazar, e do CEO da Mercer Brasil, Eduardo Marchiori, e foi moderado pela professora do Insper e gerente do Conteúdo do GPTW, Lina Eiko Nakata.

Segundo os participantes, esse viés inconsciente contribui para a pequena representatividade das mulheres em cargos de liderança. Mesmo sendo maioria em cursos de graduação e de pós-graduação, as mulheres ainda ocupam um pequeno percentual dos cargos de CEO.

Marcia contou que, em sua carreira, teve que lidar com vieses inconscientes também em relação à idade e não apenas por ser mulher. “Cheguei a ouvir de um cliente: ‘tenho de experiência nesta área o mesmo que você tem de vida.”

Em relação à área contábil, Marcia mencionou também a quebra de paradigmas. “Quando passei a integrar o Conselho Diretor do CRCSP, assumi um papel diferente do esperado. Eu não era a acompanhante e sim uma integrante do grupo de alta direção”, afirmou.

Para ela, outra quebra de paradigma é mostrar que, embora considerada mais masculina, a Contabilidade independe de gênero. “A profissão tem uma postura mais sisuda, porém, estamos desmistificando esses pontos com a manifestação do feminino.”

Citando alguns exemplos de sua empresa, Eduardo disse que, aos poucos, se busca um caminho correto para maior inclusão. Para ele, mesmo que a realidade ainda seja distante do desejado, nas médias e grandes empresas, há maior consciência da necessidade de equilíbrio entre as participações masculina e feminina. Por isso, é preciso atenção para que as promoções e avaliações não reflitam certos vieses.

Como colaboradora da Wikipedia, Lina explicou que há um julgamento tão forte em relação ao conhecimento e a possibilidade de contribuição das mulheres que, muitas colegas optam por cadastrar-se no site com um apelido neutro ou, até mesmo, masculino para evitar questionamentos e aborrecimentos.

O evento foi promovido pela Professional Women’s Network. A integrante da PWN e dona da Jabuticaba Conteúdo, Maria Tereza Gomes, explicou que a entidade busca a liderança balanceada. “Isso significa, pelo menos, 40% de mulheres nos cargos de decisão”, informou.