Quando se fala no mercado de trabalho da Contabilidade, o primeiro local que vem à mente é o escritório. Apesar disso, as possibilidades de atuação do profissional vão muito além. Entre as alternativas, estão desde perícia contábil e consultoria econômica e financeira, até atuação na área civil e trabalhista, com auditoria em empresas particulares ou órgãos públicos.
“O profissional pode atuar em diferentes funções. É possível, inclusive, ingressar em uma pós-graduação e especializar-se em pesquisas e docência”, comenta o coordenador do curso de Ciências Contábeis na modalidade de Ensino a Distância (EAD) da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Fernando Batista Bandeira da Fontoura.
A presidente da Associação dos Contabilistas de Venâncio Aires, Aline Gauer, concorda. “O mercado de trabalho é amplo, com muitas ramificações. Não é apenas ficar dentro de um escritório.”
Números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmam o mercado em ascensão. A Contabilidade esteve entre as seis áreas de nível superior que mais contrataram, no ano passado, no Brasil. Foram quase 17 mil novas vagas.
Para Aline, a valorização da carreira contábil vai ao encontro da parte humana da profissão, que não pode ser substituída pela automatização. Ela usa como base estudo do Laboratório de Aprendizagem de Máquina em Finanças e Organizações da Universidade de Brasília, que concluiu que a profissão de contador tem probabilidade de automação estimada de 48,74%.
“Parte da geração de números é feita pelo sistema, mas a maior parte não. A Contabilidade é, cada vez mais, baseada em análises e consultoria. Lidar com o cliente, explicar, participar de negociações, prever formas de redução de custo, tudo isso precisa ser feito por um profissional”, ressalta a presidente da associação.
Ao encontro disso, o professor da Unisc observa que a Contabilidade vai além da contação de dados. “As empresas apresentam uma grande demanda em outros aspectos. Atualmente, temos a evolução da informatização dos dados, e com isso, o profissional contábil teve que se adaptar e se reinventar”, afirma Fontoura.
Experiência na indústria
Janaína Christmann, 24 anos, sempre gostou de números. Ao longo do curso de Ciências Contábeis e da trajetória na área, no entanto, ela descobriu que a Contabilidade vai muito além. “Acredito que foi isso que me encantou ainda mais na área”, afirma a profissional, formada pela Unisc, em 2016.
“Muitas vezes, o contador trabalha muito mais com leis do que com números. Tem toda a parte legal por trás que precisamos aprender a interpretar, sem contar o contato com diferentes perfis de pessoas”, sintetiza ela, que começou a trabalhar no escritório VA Contábil, meio turno, ainda durante o Ensino Médio. “Iniciei fazendo coisas operacionais, arquivando documentos, mas à medida que fui aprendendo a parte técnica, descobri que gostava muito dessa área.”
Na hora do vestibular, não teve dúvidas: optou por Ciências Contábeis. Há quase três anos, por indicação de um colega de curso, Janaína foi convidada para atuar na área de uma indústria.
“Sempre gostei do ambiente de escritório, mas aproveitei a oportunidade que surgiu para atuar em uma indústria”, afirma. Segundo ela, o contador gerencial, que atua diretamente na empresa, fornece informações à direção, aponta caminhos e participa dos processos de tomada de decisões na organização.
Janaína atua, hoje, como coordenadora de Controladoria e interage com diferentes setores da empresa: desde a produção até Recursos Humanos, Compras e Financeiro. “Ver que o trabalho gera resultados importantes na empresa é muito satisfatório. Me sinto uma peça importante em todo o processo. Todo dia é um novo aprendizado.”
Fonte: Folha do Mate - Juliana Bencke e Rosana Wessling