O contador também está na linha de frente de combate ao coronavírus, garantindo a saúde das empresas

Publicado em 22/4/2020

A pandemia do coronavírus mudou o mundo. Para evitar a disseminação da Covid-19, “fique em casa” é a mantra da vez. Mas, para que todos permaneçam em casa e possam continuar alimentados, medicados e informados, um exército de trabalhadores está mobilizado, garantindo a saúde, o abastecimento e o bem-estar de milhões de brasileiros.

Esses trabalhadores fazem parte de uma lista de atividades consideradas essenciais e autorizadas a continuar em pleno funcionamento, elencadas no Decreto Estadual n.º 64.881/2020, do Estado de São Paulo, e no Decreto Federal n.º 10.282/2020.

No Estado de São Paulo, na área da saúde, são 881 hospitais públicos, 859 hospitais privados (434 sem fins lucrativos e 425 com fins lucrativos); 11 mil clínicas; 18 mil farmácias.

No setor alimentício, são 6 mil supermercados e hipermercados varejistas e 14 mil padarias. E para garantir o abastecimento, estão na ativa os trabalhadores de 21 mil empresas de transporte de cargas, podendo contar com 18 mil oficinas mecânicas e 8 mil postos de gasolina. A locomoção está sendo feita graças ao funcionamento do metrô, de 3.500 empresas de táxi (apenas na capital) e de 315 empresas de ônibus de transporte urbano e interurbano.

Inúmeros restaurantes, bares e lanchonetes, que estão atendendo em sistema de delivery e drive-thru, clínicas veterinárias e pet shops, 10 mil bancas de jornais e muitas outras atividades estão garantindo que a população fique na segurança de suas casas e sem interrupção de serviços essenciais.

Cada hospital, cada supermercado, farmácia ou restaurante, neste momento de grave crise, tem o seu super-herói: o médico, o enfermeiro, o motorista, o mecânico, o cozinheiro, o atendente, o entregador. E cada uma das empresas tem seu atendimento garantido por outro super-herói: o contador.

Em 20 dias, os contadores tiveram que colocar em prática 26 medidas provisórias, tendo que interpretá-las corretamente, explicar aos seus clientes como cada uma influi no seu negócio, enfim somando mais esse pesado trabalho às outras tarefas rotineiras.

Atualmente, o Estado de São Paulo tem 149.319 profissionais contábeis em atividade, trabalhando nas mais diferentes empresas ou nos 21.395 escritórios de contabilidade, com 34.800 (23%) responsáveis técnicos. Não são números absolutos, mas, em média, cada escritório necessita, em tese, de mais dois ou três contadores para assessorá-los na execução da gestão dos negócios de seus clientes.

Seja no cálculo e prestação de informações trabalhistas e previdenciárias, informação aos stakeholdersou no atendimento a obrigações tributárias diversas, os contadores prestam um serviço vital para as organizações, não apenas no cumprimento de obrigações legais, mas para a continuidade da empresa e para que os pagamentos e benefícios aos funcionários não sejam descontinuados.

Para o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), José Donizete Valentina, “a contabilidade é necessária em todos os momentos das empresas e entidades, sejam elas privadas, públicas ou do Terceiro Setor. É importante que a sociedade reconheça o valor dos profissionais contábeis que agora, mais do que nunca, estão trabalhando para a sobrevivência das empresas, a manutenção dos empregos e enfrentando a crise no país.”

“São nos momentos de dificuldade que decisões de gestão equivocadas podem trazer perdas financeiras substanciais, ou até mesmo, ser o diferencial entre a sobrevivência ou não das empresas,” lembra Donizete.

A contabilidade é fundamental também para orientar as decisões da alta administração, seja na elaboração e análise de relatórios financeiros, ou em atividades como consultoria e controladoria, para que as organizações possam se preparar adequadamente para o período de crise, bem como para a posterior recuperação da economia.

Para o presidente do CRCSP, “este é um período de muita incerteza no país. Escolhas difíceis deverão ser feitas pelos gestores das empresas e, sem uma visão clara da saúde financeira do negócio, estas escolhas podem não ser as mais acertadas. Para isso, é necessário que o profissional da contabilidade esteja em um local de destaque na estrutura organizacional”.

Para retardar a disseminação do coronavírus, o Governo de São Paulo instituiu o regime de quarentena no Estado, por meio do Decreto Estadual n.º 64.881/2020, prorrogado para até 10 de maio, com a suspensão do atendimento presencial em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, excetuando-se aqueles listados como serviços essenciais.

Diante das dificuldades relatadas pelos profissionais da contabilidade, que não poderiam interromper o serviço e não tiveram tempo hábil para implantar sistemas para o trabalho em home office, o Governo do Estado de São Paulo publicou em 4 de abril a Deliberação n.º 8. A medida, tornada sem efeito na tarde do mesmo dia, esclarecia que a quarentena não se aplicava às atividades internas dos escritórios contábeis.

Embora o cancelamento da Deliberação n.º 8 não afete o funcionamento interno dos escritórios, este já permitido pelo Decreto n.º 64.881/2020, que proibiu apenas o atendimento ao público, a deliberação gerou algumas dúvidas no setor contábil.

“Entendemos e apoiamos as medidas para evitar uma rápida propagação do coronavírus, mas não podemos ignorar a situação dos escritórios de contabilidade”, afirmou o presidente do CRCSP. “Os profissionais contábeis continuam apoiando seus clientes neste período de crise. Por isto queremos que o Governo reconheça os serviços contábeis como essenciais, para evitar a incerteza e dar tranquilidade ao profissional sobre a realização de suas atividades”.

O presidente Donizete também faz questão de frisar que “o Conselho apoia e incentiva a adoção de medidas para preservar a saúde dos profissionais, como a adoção do trabalho em home office, revezamentos de funcionários e ações para manter o distanciamento necessário entre as equipes. Mas sabemos que estas medidas não são viáveis para muitas empresas de contabilidade, especialmente as de pequeno e médio porte”.