CRCSP e Ibracon realizam Fórum de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes

Publicado em 26/8/2021

Em 26 de agosto de 2021 ocorreu o “Fórum de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes / 2021 – Restrições à Atuação”, atividade realizada pelo CRCSP e pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) – 5ª Seção Regional, com apoio do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e Ibracon Nacional. Com transmissão ao vivo no canal do CRCSP no YouTube, o Fórum abordou algumas das principais questões que afetam as firmas de auditoria menores e os obstáculos para uma maior participação delas no mercado.

Coordenado pelos conselheiros do CRCSP Angela Zechinelli Alonso e Wander Pinto e pelo presidente do Ibracon – 2ª Seção Regional, Marcelo Guerra, o fórum foi organizado em dois painéis principais. O primeiro foi uma mesa redonda virtual com especialistas da área sobre as dificuldades que as firmas de auditoria de pequeno e médio portes enfrentam e o segundo teve a participação de representantes de Entidades Contábeis e organismos reguladores, que apresentaram as ações desenvolvidas para solucionar as questões abordadas no primeiro painel.

Antes de iniciar a discussão, os presidentes do CRCSP, José Donizete Valentina, e do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Zulmir Ivânio Breda, fizeram a abertura do fórum e destacaram a importância da atividade, que chega à sua quarta edição anual.

“É uma alegria poder sediar mais uma vez o Fórum de Auditoria para Firmas de Pequeno e Médio Portes e disseminar conhecimento sobre o mercado da auditoria, este segmento tão importante da Contabilidade, com qualidade e conteúdo”, destacou o presidente Donizete.

“A realização do Fórum de Auditoria para Firmas de Pequeno e Médio Portes de forma online traz um ganho muito grande para a profissão contábil, pois permite a participação de profissionais de todo o Brasil”, elogiou Zulmir.

O diretor de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes do Ibracon, Adriano Rezende Thomé, o primeiro secretário da Academia Paulista de Contabilidade (APC), Irineu De Mula, o presidente do Ibracon na gestão 2002-2004, Guy Almeida Andrade, e o coordenador do Programa de Revisão Externa de Qualidade (CRE) do CFC, Rogério Costa Rokembach, foram os debatedores do primeiro painel.

A concentração de grandes firmas no mercado de auditoria, a importância do Cadastro Nacional de Auditores Independentes – Pessoa Jurídica (Cnai-PJ), o Programa de Revisão Externa de Qualidade e as barreiras de acesso ao mercado que as pequenas firmas de auditoria enfrentam foram alguns dos tópicos tratados pelos debatedores no fórum.

A moderadora Angela Alonso iniciou o debate perguntando aos participantes a opinião deles sobre a concentração do mercado de auditoria em algumas grandes firmas.

Guy Andrade destacou que esta não é uma questão existente apenas no Brasil, mas no mundo todo. “No Reino Unido, por exemplo, os reguladores estão discutindo formas de inserir as pequenas firmas de auditoria no mercado de capitais”, destacou o auditor.

Para Guy, existe um problema real para as firmas menores, que é a alta complexidade do mercado e a necessidade de um investimento pesado em treinamento, pessoal e tecnologia, e um problema de preconceito, porque “parte do mercado não acredita que exista vida fora das Big Fours”.

Adriano Thomé declarou que a concentração é um fato. Ele apontou que “é urgente a necessidade de encontrar caminhos para diluir esta concentração”. Uma das formas destacadas pelo diretor de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes do Ibracon é a realização de ações para reeducar o mercado.

“Existem diversas firmas excelentes que estão sujeitas à mesma regulação de outros grupos e é preciso que as empresas enxerguem isto no momento que vão contratar serviços de auditoria”, concluiu Thomé.

Uma das medidas levantadas pelos debatedores para diminuir esta concentração do mercado e oferecer alternativas para as empresas na contratação de firmas de auditoria é o Cnai-PJ, como um selo de qualidade para as firmas menores.

O moderador Marcelo Guerra levantou a questão e explicou como o Cnai-PJ fortalece as firmas de pequeno e médio portes. “As organizações inscritas no cadastro concordam em estarem sujeitas à revisão pelos pares, o que é uma comprovação para o mercado de que estas firmas cumprem com todas as normas e regulação de qualquer empresa de auditoria, conferindo credibilidade e confiança, explicou o presidente do Ibracon – 2ª Seção Regional.

Para o acadêmico da APC Irineu De Mula, o Cnai-PJ é um primeiro passo importante na construção de um mercado mais igualitário. “As pequenas e médias firmas de auditoria possuem um mercado potencial de atuação muito mais amplo que as maiores. A maioria atua em nichos específicos e o Cnai-PJ é uma alternativa ao Cnai para as organizações inseridas nestes segmentos”.

O coordenador do CRE encerrou a primeira parte do fórum e destacou a importância do debate, pois as informações levantadas subsidiam o aprimoramento do ambiente regulatório de auditoria. Ele revelou que as questões estão também sendo debatidas no CRE e que, assim que houver resultados estruturados destas discussões, o Comitê Gestor do CRE levará o tema para discussão junto ao Sistema CFC/CRCs e Ibracon. “Então poderemos atualizar as normas do CRE de acordo com uma média dos anseios do mercado e dos auditores independentes”, concluiu Rokembach.

Os presidentes do CRCSP, Donizete Valentina, do CFC, Zulmir Breda, do Ibracon, Valdir Renato Coscodai, do Ibracon – 5ª Seção Regional, Marco Antônio de Carvalho Fabbri, o vice-presidente Técnico do CFC, Idésio da Silva Coelho Júnior, o vice-presidente de Administração e Finanças do CRCSP, José Aparecido Maion, e o vice-presidente Administrativo do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP), Antônio Carlos de Souza dos Santos, foram os participantes do segundo painel do fórum e apresentaram as ações desenvolvidas e possíveis soluções às questões levantadas no primeiro painel.

Idésio iniciou sua apresentação com dados sobre o mercado de auditoria e ressaltando o potencial de crescimento do setor. “Nós temos no Brasil 154 bancos, 400 empresas listadas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e aproximadamente 15 mil fundos de investimento. Estas entidades são normalmente auditadas por firmas de maior porte, mas temos também 17.173.284 empresas que não possuem uma regulação específica e que representam um potencial imenso para o segmento de auditoria”, afirmou o vice-presidente Técnico do CFC.

“É preciso explorar o mercado em seu potencial máximo, o que exige preparo e participação de todos os envolvidos. O CFC, os CRCs e o Ibracon estão comprometidos em transformar o mercado de auditoria em um ambiente mais justo, equilibrado e mais acessível para firmas de todos os portes”, afirmou Idésio.

O presidente Donizete parabenizou os participantes pela discussão de alto nível promovida e ressaltou o compromisso do CRCSP de atuar para empresas de todos os portes e segmentos. “Nós, como representantes das Entidades Contábeis e também profissionais atuantes, temos a obrigação de levar segurança à sociedade e, ao cumprirmos nosso papel, o fazemos para as empresas grandes ou pequenas”, declarou Donizete.

“Entre as ações desenvolvidas, levamos a Educação Profissional Continuada a cada vez mais públicos, como forma de auxiliar os pequenos na sua capacitação. E a procura pelos temas foi grande, pois desde o início da pandemia, tivemos mais de 700 mil acessos em nossas atividades no canal do CRCSP no YouTube”.

O presidente Fabbri destacou que as entidades e os próprios profissionais de auditoria devem realizar um esforço conjunto para contribuir para a melhoria dos mecanismos do mercado. “Antigamente, havia aqueles que reclamavam da obrigatoriedade da educação continuada, hoje todos reconhecem a importância desta qualificação permanente. Os desafios são muitos, mas apenas juntos podemos mudar este cenário”, declarou o presidente do Ibracon – 5ª Seção Regional.

Valdir Coscodai ressaltou a atenção especial que o Ibracon confere às firmas de pequeno e médio portes. “Temos uma diretoria específica para este tema e investimos pesado na realização de atividades e apoio à qualificação destas firmas. É necessário que as empresas menores conheçam o trabalho desenvolvido pelas entidades e participem das discussões”, aconselhou o presidente do Ibracon.

O presidente do CFC também destacou as ações já desenvolvidas, os desafios que ainda precisam ser superados e a importância de os profissionais e firmas de auditoria participarem ativamente das discussões promovidas pelas Entidades Contábeis.

“Foi dito que as empresas sozinhas não conseguem fazer muita coisa, o que é verdade, pois é muito difícil transformar algo agindo isoladamente. Mas há uma ação que cada empresa pode fazer e que trará benefício para todas, que é o cadastro no Cnai-PJ. Esta é uma inscrição voluntária, mas que traz benefícios para as empresas inscritas e para a profissão”, concluiu Zulmir Breda.

O vice-presidente de Administração e Finanças do CRCSP encerrou o Fórum de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes e destacou a importância da participação de todos. “O CRCSP está sempre pronto a realizar o debate e estamos abertos inclusive para críticas e apontamentos diversos, pois são oportunidades de melhoria. Existe um mundo ideal e um mundo real, com seus desafios e dificuldades para a operacionalização das mudanças necessárias, mas o CRCSP e as entidades estão completamente envolvidos neste processo”, declarou José Aparecido Maion.